Rastreabilidade da Farinha de Carne e Ossos Bovina em Frangos de Corte pela Técnica dos Isótopos Estáveis
Carrijo, A.S.
Ducatti, C.
Pezzato, A.C.
Sartori, J.R.
Madeira, L.A.
Silva, E.T.
INTRODUÇÃO
O aparecimento da Encefalopatia Espongiforme Bovina em diversos países fez com que aumentasse a preocupação dos consumidores e das autoridades sanitárias no tocante ao controle de qualidade e certificação de origem dos produtos de origem animal. Piasentier et al. (3) associou as razões isotópicas do carbono e do nitrogênio para certificar a origem geográfica e os tipos de alimentação de ovinos, através da análise do tecido muscular. Tendo em vista a não existência de metodologia internacional pertinente para a certificação da carne, propõem-se como objetivo a rastreabilidade da presença de farinha de carne e ossos bovina (FCOB), em dietas de frangos de corte, pela técnica de espectrometria de massas dos isótopos estáveis do carbono e do nitrogênio em duplo eixo isotópico, na análise do músculo peitoral.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Laboratório de Nutrição Aviária – FMVZ/UNESP, Botucatu-SP, utilizando-se 150 pintos de um dia, da linhagem Cobb, alojados em gaiolas, com 30 aves por tratamento, onde foram criadas nas mesmas condições e receberam dietas isoprotéica e isocalórica à base de milho e farelo de soja. O delineamento foi inteiramente ao acaso e os tratamentos foram: 0%, 1%, 2%, 4% e 8% de inclusão de FCOB respectivamente. No 42º dia foram tomadas aleatoriamente três aves por tratamento e sacrificadas por deslocamento cervical, para colheita do músculo peitoral maior, para posterior análise isotópica. As amostras foram secas em ventilação forçada (56°C/48h) e moídas em moinho criogênico (-196°C). As amostras (0,35 mg) foram pesadas em capsula de estanho e queimadas em analisador elemental para obtenção de CO2 e N2. Os gases obtidos foram analisados em espectro metro de massas de razões isotópicas e os valores obtidos expressos em delta per mil (d‰), de acordo com a equação:
onde R representa a razão entre os isótopos pesado e leve. Para análise estatística foi utilizada análise de variância multivariada.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores médios obtidos para as razões 13C/12C e 15N/14N nos tecidos musculares de peito de frangos de corte estão apresentados na Tabela 1. Pode-se observar também, que houve enriquecimento isotópico significativo de 13C e 15N em função da adição de FCOB nas dietas. O gráfico de duplo eixo isotópico permite melhor visualização deste enriquecimento (Figura 1). Verificou-se que as aves alimentadas com dieta exclusivamente de origem vegetal apresentaram o menor d‰13C, valor este correspondente ao encontrado por Cruz (1), com dieta vegetal a base de milho e soja. O enriquecimento em 15N foram semelhantes aos resultados obtidos por Delgado e Garcia (2), quando houve aumento no d‰15N com a inclusão de subprodutos de origem animal, evidenciando assim, a presença de FCOB nas dietas
CONCLUSÕES
Pelos resultados obtidos pode-se concluir que a análise de músculo peitoral de frangos de corte pela técnica dos isótopos estáveis do 13C e 15N permite a rastreabilidade da inclusão de FCOB em dietas de aves, possibilitando a certificação de que o frango de corte consumiu ração de origem exclusivamente vegetal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Cruz VC. Dissertação. FMVZ/UNESP-Botucatu. 2002; 65 p.
Delgado A, Garcia N. In: International Symposium on Food Authenticity and Safety 2001; 6:28-30.
Piasentier E, Valusso R, Camin F, Versini G. Meat Science 2003; 64:239-247