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CIÊNCIA & TECNOLOGIA - Trabalhos Técnicos

Ambiência

Avaliação e Identificação de Fungos na Poeira Respirável em Galpão Convencional de Frangos de Corte

Junho 2007 NEIDIMILA APARECIDA SILVEIRA1; ANA CAROLINA DE SOUZA GIGLI2; IRENILZA DE ALENCAR NÄÄS3; DANIELLA JORGE DE MOURA4; DEBORA PASSOS ALVARENGA5 1. Fisioterapeuta, mestranda em Engenharia Agrícola. Depto. de Construções Rurais e Ambiência, Faculdade de Engenharia Agrícola, UNICAMP, Campinas – SP 2. Bióloga, mestranda em Engenharia Agrícola. FEAGRI-UNICAMP. Campinas – SP. 3. Profª. Colaboradora Engenharia Agrícola. FEAGRI-UNICAMP, Campinas – SP. 4. Profª. Engenharia Agrícola. FEAGRI-UNICAMP, Campinas – SP 5. Estudante de Ciências Biológicas – Iniciação científica. FEAGRI-UNICAMP, Campinas – SP. INTRODUÇÃO: Existem quatro riscos básicos originados pela geração de poeiras ou particulados nas instalações de produção de animais: a saúde do trabalhador, a saúde animal, a deterioração de equipamentos e das instalações e a saúde dos vizinhos (DONHAM, 1999). HELLICKSON e WALKER (1983) descrevem que partículas de poeira podem absorver gases e líquidos, assim como carrear vírus e bactérias, sendo um dos principais veículos de transmissão de doenças. Além disso, esporos de fungos que costumam ser contaminantes das poeiras orgânicas aumentam ainda mais os riscos da exposição a estas poeiras (ATS, 1998; RADON et al., 2002). O número de esporos, entretanto pode diferenciar dependendo do padrão de chuvas, período do dia, temperatura também são fatores que influenciam na dispersão de esporos (LACEY, 1991). HARTUNG (1994) relata que a poeira encontrada nas criações avícolas, bovinas e suínas, consiste em 85% de material orgânico, sendo que destes 80% são referentes a estafilococos e estreptococos, enquanto os fungos podem contribuir com 1%, entretanto, dentre os gêneros encontrados, quatro possuem potencial alérgico, significando que dependendo da concentração de inalação poderá causar quadro de doenças dos animais, bem como nos trabalhadores rurais. A presença de poeira nas edificações para confinamento animal contribui para uma maior incidência de enfermidades respiratórias nos trabalhadores, pois comprometem tecidos das vias aéreas - nariz, garganta, laringe e pulmões - e os olhos, provocando inflamação, asma, febre, entre outros sintomas, além de serem vetores de agentes biológicos patogênicos como protozoários, fungos, bactérias e vírus (MUTHEL e DONHAM, 1983). A exposição dos trabalhadores a certos microoganismos pode resultar em reações alérgicas, toxicose, doenças respiratórias e outros efeitos na saúde. Está bem estabelecido que elevados níveis de concentração de esporos de fungos no ambiente podem estar associados a várias doenças (KUHN e GHANNOUM, 2003). Os efeitos adversos na saúde podem ser resultados de reações alérgicas causadas pelos fungos presentes no ar, por fragmentos de fungos que sofreram quebra ou morte e, ainda, por componentes extracelulares que podem ser produzidos pelos fungos. Este texto avalia os níveis de poeira aos quais estão expostos os trabalhadores em galpão de frango de corte e verificar, na poeira respirável, a presença de fungos que podem causar danos à saúde humana. RESULTADOS EXPERIMENTAIS: No Brasil, a NR-15, no seu Anexo nº12 (Limites de tolerância para poeiras minerais), estabelece limites de exposição para apenas três tipos de poeiras minerais: asbesto, sílica livre cristalizada, manganês e seus compostos. Para os casos não contemplados nesta norma, a NR-15 no seu Anexo nº 9 (Programa de prevenção de riscos ambientais), regulamentada pela Portaria nº 25, de 29 de dezembro de 1994, torna legal o uso do limite de exposição correspondente adotado pela ACGIH (2001), que é de 3mg/m3. Foi realizado um estudo observacional em uma granja de frangos de corte localizada no município de Vinhedo, no estado de São Paulo, Brasil. Os dados foram coletados em um galpão que alojava 22.500 aves, com 27 dias de idade, possuindo uma área de piso útil de 1.662 m2 coberto com cama de maravalha. Foi realizada a coleta de poeira respirável durante três dias de produção, totalizando 12 amostras diárias. As condições em que se encontravam o galpão no período da coleta estão descritas na Tabela 1. Tabela 1. Descrição das condições do galpão no período de coleta de dados. A coleta da poeira respirável foi realizada através da metodologia definida pela NIOSH (OSHA, 1994). Foram utilizadas bombas de amostragem pessoal (GilAir-5®) calibradas para uma vazão de 1,7min.L-1 de ar com 5% de variação admitida, acopladas a ciclone de poeira respirável com cassete contendo filtro de membrana de PVC (polímero de cloreto de polivinila) de 5µm de poro e 37mm de diâmetro previamente esterilizado. As bombas de amostragem foram alocadas, a 1,5m do piso, em quatro regiões diferentes do galpão e foram realizadas, em cada ponto, três coletas diárias de uma hora de duração. Após a coleta das amostras, foi realizada, no Laboratório de Ambiência, da Faculdade de Engenharia Agrícola da UNICAMP, a análise gravimétrica, que consistiam na pesagem dos filtros de membrana antes e depois da coleta de poeira em uma balança analítica de capacidade de 210 g e sensibilidade de 0,1 mg. Após a pesagem, os filtros foram colocados em placas de Petri contendo Meio de Cultura Completo (PONTECORVO et al., 1953), que foram incubadas em estufa de cultura a uma temperatura de 27°C, e foi realizada, após 72 horas, a contagem de Unidades Formadoras de Colônias (UFC) de fungos e identificação de gênero de fungos e espécies de Aspergillus encontrados na poeira respirável (SILVEIRA, 1968). AMBIÊNCIA TÉRMICA E POEIRA: Em relação à poeira foram encontrados valores abaixo dos limites sugeridos pelas normas internacionais da ACGIH (Tabela 2). Tabela 2. Resultados de ambiência térmica e de poeira respirável em galpão convencional para frango de corte. FUNGOS: A Tabela 3 aponta os dados de quantificação de UFC. Quanto à identificação de fungos realizada, observa-se, na Figura 1, a predominância do gênero Penicillium (44.69%), seguido pelo gênero Aspergillus (10.62%). Tabela 3. Contagem de UFC de fungos. Fungos prontamente desenvolvem-se em um número diferente de materiais, incluindo alimento e ração de aves. Um fungo comum é aquele pertencente ao gênero Aspergillus. Aves podem estar expostas a Aspergillus no incubatório, ou mais comumente na cama do aviário. Aspergillus é um gênero considerado patógeno do trato respiratório, e pode também invadir cérebro e olho (JACOB et al., 1998). Tais gêneros produzem inúmeros esporos por dia com menos de 5µm, que em condições de saturação podem causar alergias e, até mesmo, sérias doenças pulmonares nos trabalhadores (TODARO, 1978; STROM e BLOMQUIST, 1986). Segundo IEH (2000), algumas partículas podem potencialmente provocar respostas inflamatórias a níveis relativamente baixos. Muitos mecanismos causados pela resposta inflamatória podem conduzir a significantes efeitos locais sistêmicos adversos em humanos. Estudos apontaram que especial atenção deve ser dada aos gêneros Penicillium, Aspergillus e Mucor, a respeito de suas freqüências e habilidade na indução de problemas respiratórios. Em especial, a abundante e constante presença dos gêneros Penicillium e Aspergillus requer atenção especial, pois esses gêneros produzem inúmeros esporos muito pequenos, que podem atingir o trato respiratório inferior dos trabalhadores (SHAH et al., 1990). Figura 1. Identificação de gênero de fungos em aviário. Figura 2. Identificação de UFC pertencentes ao gênero Aspergillus. Dentre as UFC pertencentes ao gênero Aspergillus, foi verificada a predominância de A. flavus (58.33%). CHUTE et al. (1956), observaram que frequentemente a aspergilose é causada pelos Aspergillus fumigatus e Aspergillus flavus. Aspergillus fumigatus e outras espécies de Aspergillus podem causar reações de hipersensibilidade, pela inalação dos esporos. Podem ser diferenciadas três formas de aspergilose humana: alérgica, colonizante e invasiva. Além disso a toxina do Aspergilus flavus, uma espécie que não parece infectar seres humanos, pode constituir um importante carcinógeno hepático quando ingerido com alimentos. CONCLUSÃO: Neste estudo observacional os registros de poeira respirável, em condições normais de alojamento, estão dentro dos limites das normas internacionais, em relação à saúde do trabalhador. Entretanto, foi comprovada a contaminação da poeira por fungos, que podem causar danos potenciais à saúde humana, fazendo-se necessária a avaliação de qualidade do ar e a implementação de medidas que tornem este ambiente menos agressivo ao trabalhador, bem como o reforço da necessidade do uso efetivo de EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual). AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem ao CNPq e à FAPESP pelo suporte financeiro à pesquisa e a CAPES pela bolsa concedida. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: AMERICAN THORACIC SOCIETY – ATS. Respiratory health hazards in agriculture. AM J Respir Crit Care Med. 1998, 158 (5Pt 2): S1-76. CHUTE, H.L.; O’MEARA, D.C.; TRESNER, H.D.; LACOMBE, E. The fungous flora of chickens with infections of the respiratory tract. Am J. Vet. Res. V17, p.763-765, 1956 
DONHAM, K. A historical overview of research on the hazards of dust in livestock buildings. In: International Symposium on Dust Control in Animal Production Facilities, 30, 1999. 
Scandinavian Congress Center, Aarhus, Denmark. Procedings… HORSENS, Denmark: Danish Institute of Agricultural Sciences, 1999. 
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JACOB, C.T.; AZARIAH, J.; HILDA, A.; GOPINATH, S. Decolorization of procio red MX-5B and coloured textile effluent using Phanerochaete chrysosporium. J.Environ. Biol. 19, p.259-264. 1998.
KUHN, D.M.; GHANNOUM, M.A. Indoor mold, toxinogenic fungi and Stachybotrys chartarum: infectious disease perspective. Clin. Microbiol. Rev. 16, 144-172, 2003. 
LACEY, J. Aerobiology and health: the role of airborne fungal spores in respiratory disease. p 157-185. In: Frontiers in Micology. Ed. D. L. Hawksworth. CAB International, Wallingford, United Kingdom, 1991. 
MUTHEL, C. e DONHAM, K. Occupacional health problemas of the rural work force. J. Medical Practice in Rural Communities, New York, p.77-115. ISBN: 0387 91224, 1983. 
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PONTECORVO, G.; ROPER, J.A.; HEMMONS, D.W.; MacDONALD, K.D.; BUFTON, A.W. Advances in genetics 1953; 5: 141-238.
RANDON, K.; DANUSER, B.; IVERSEN, M.; MONSO,E.; WEBER, C.; HARTUNG, J.; et al. Air contaminants in different European farming environments. Ann Agric environ Med. 2002.
SHAH, A.; KHAN, Z.U.; SIRCAR, M. et al. Allergic Aspergillus Sinusitis: An Indian Report. Respiratory Medicine. 84, p.249-251. 1990.
SILVEIRA, V.D. Lições de Micologia. 3ª Edição, Ed. José Olympio. Rio de Janeiro – RJ. 1968.
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