Estudo do Vírus da Doença de Newcastle em Áreas Produtoras de Frango de Corte para Identificar Áreas Livres no Brasil
Julho 2007
Orsi, M.A
1*., Doretto Jr, L.
2, Camillo, S.C.A.
1, Reischak, D
1., Ribeiro, S.A.M.
1, Ramazzoti, A.
1, Mendonça, A.O.
1, Buzzinaro, M.G
3 & Arns, C.W
4.
1Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento -Laboratório Nacional Agropecuário-São Paulo- LANAGRO/SP, Cx. Postal 5538, CE_ 13091-970, Campinas, São Paulo, Brasil
2Pesquisador
3Universidade Estadual Paulista- UNESP-Jaboticabal
4Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP.
Introdução
O vírus da Doença de Newcastle (VDN), gênero Avulavirus da família paramyxoviridae é o agente etiológico de uma das mais importantes doenças aviárias em todo mundo, de grande importância econômica para a avicultura industrial (1). O Brasil como o 3º produtor mundial de carne de frango, maior exportador mundial, consolidou-se como o 2º no ranking de exportação do agro-negócio brasileiro. Com o intuito de oferecer maiores garantias sanitárias aos produtos avícolas brasileiros foi implementado um projeto epidemiológico em concordância com o Programa de Sanidade Avícola (PNSA) do MAPA visando o estudo de atividade viral para DNC envolvendo diagnóstico e soro-epidemiologia. O objetivo do presente trabalho foi conhecer a realidade da doença de Newcastle em aves comerciais de corte e assim fornecer dados as autoridades brasileiras, sobre a ausência de vírus patogênico e assim declarar o país livre da doença de Newcastle em aves comerciais em áreas de produção/exportação do Brasil.
Material e Métodos:
Amostras: Nos abatedouros das regiões contempladas foram coletadas um lote por semana durante 7 semanas. A amostra era composta de 15 aves por lote sorteado (soros individuais identificando o lote, 8 suabes de traquéias e 8 suabes de cloacas das mesmas-2 aves/suabes). Foram amostrados total de 1583 lotes, 503 granjas no Sul (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul), 590 no Sudeste (Minas Gerais e São Paulo) e 490 no Centro–Oeste (Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul).
ELISA:O Kit de ELISA (Flockscreen-Guildhay-Guildford England), Os soros de galinha foram diluídos 1:500, incubados em microplacas contendo o antígeno DNC e realizado segundo as especificações do fabricante.
Isolamento viral: Os pools de suabes de traquéias e cloacas foram acondicionados em solução de PBS contendo antibióticos, ajustados ao pH 7,0-7,4. Os pools cujos soros foram positivos no teste de ELISA foram inoculados em ovos embrionados de galinha SPF (Specific Pathogen Free) de 9-11dias de idade até três passagens.
Identificação Viral/Caracterização Biológica: O fluído alantóide infectivo foi tipificado usando antissoros de referência contra APMV-1 ao APMV-9 através da inibição da hemaglutinação. A virulência dos vírus isolados foi determinada através do (IPIC) índice de
patogenicidade intracerebral, descrito na literatura (2)
Resultado e Discussão
Todos os lotes soropositivos foram submetidos ao isolamento conforme dados apresentados na Tabela 1. Analisando a relação entre percentual de positividade e isolamento verifica-se que a Região Sul possui 24,1%, seguido de 11,5% na Sudeste e 9,8% no Centro-Oeste, mostrando a circulação do vírus vacinal. Relacionando o nº de isolados/lotes temos 7,6% no Sudeste, 5,4% no Sul e 1,0% no Centro-Oeste. O isolamento viral por região foi de 58,4% no Sudeste, 35,1% no Sul e 6,5% no Centro-Oeste.
Tabela 1-Relação positividade e isolamento de VDN
Conforme mostrado na Tabela 2, observa-se que na 3º passagem foi conseguido maior nº de isolamentos VDN.
Tabela 2 - Percentual de vírus isolados por passagens.
Tabela 3 - Caracterização biológica do VDN
* sim ** não informado
Os resultados da caracterização da Patogenicidade (ICPI) dos VDN apresentados na Tabela 3 mostram que 41,5% dos vírus isolados possuíam ICPI= 0 e 0,10 (32), sendo 68,8%, 25% e 6,25% das regiões SE, SU e CO respectivamente. Foi obtido 35,1% do ICPI viral na faixa de 0,11 à 0,30 (27), sendo 48,1% (SE), 44,4%(SU) e 7,4%(CO). Foi isolado 18,2% dos vírus com ICPI = 0,31-0,50 (14), sendo 50% (SE) 42,9% (SU) e 7,1% (CO). Os resultados apontam para re-isolamento da cepa LaSota ou outro vírus com ICPI similar. Na faixa de ICPI (0,51a 0,66) foi obtido 5,2% dos vírus isolados, sendo 75% no SE (SP) 25% no SU (PR). Os resultados mostram que na região onde ocorreu vacinação não impede a circulação de vírus não patogênico com ICPI diferentes dos vacinais.
Conclusão: Os VDN isolados são
Não Patogênicos e que, portanto nas áreas de produção/exportação de frangos de corte, o
País é livre da doença de Newcastle. Quanto ao isolamento na 3º passagem foi isolado maior número de vírus.
Bibliografia
1.Alexander, D.J. 2003. In: Disease of poultry 11th ed. Newcastle disease, pp.63-99.
2.Brasil. Portaria Ministerial SDA nº182/04. Normas de Credenciamento e Monitoramento de Lab. de diagnóstico da DNC