Determinação da Solubilidade Protéica de Farinhas de Subproduto de Aves com a Pepsina em Baixa Concentração
C. Bellaver
D.L. Zanotto
A.L. Guidoni
INTRODUÇÃO
Muitos laboratórios que executam o método de determinação da solubilidade protéica em pepsina, baseiam-se na recomendação da AOAC (1), a qual indica que o teste deve ser feito com solução de pepsina a 0,2% e uma atividade de 1:10000. Estudos mais recentes (2, 3), mostram que existem diferenças em solubilidade da proteína bruta (PB) (N x 6,25), quando digeridas em pepsina nas concentrações de 0,2%, 0,02%, 0,002% ou 0,0002%. Foi proposto por Bellaver (3) que a solubilidade protéica in vitro com pepsina na concentração de 0,0002% é melhor do que com concentrações maiores, para melhor classificar a qualidade protéica. Muito embora seja desejável utilizar concentração baixa de pepsina, desconhece-se qual é o intervalo que poderia exprimir melhor a solubilidade protéica desejável das farinhas de subprodutos de aves (FOA). Portanto, o objetivo desse trabalho foi identificar os valores que melhor exprimem a solubilidade protéica de farinhas de subprodutos de aves (FSA), utilizada aqui como modelo experimental.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na Embrapa Suínos e Aves, em Concórdia, SC. Foram executadas duas fases experimentais, sendo a primeira para determinar os valores de solubilidade protéica in vitro e a segunda, com valores in vivo obtidos para energia metabolizável (EM) dos ingredientes testados. A solubilidade protéica in vitro (SOLPEP), em solução ácido/pepsina, determina a fração solúvel das proteínas usadas no experimento (3). As fontes protéicas corresponderam a duas FSA e caseína (considerada padrão com 100% SOLPEP). As fontes proteicas (Tabela 1) foram termicamente processadas em autoclave na temperatura de 120ºC com os seguintes tempos de autoclavagem: 0, 10, 20, 40 e 80 minutos. As concentrações utilizadas da pepsina em solução de HCl 0,0744N, foram de 0,0002, e 0,02%, para as fontes protéicas. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados em estrutura fatorial 3 x 5 x 2 (3 fontes protéicas x 5 níveis de processamento térmico x 2 níveis de concentração da enzima pepsina), com quatro repetições.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Uma vez que as equações estimadas (Tabela 2) guardam coerência com trabalhos anteriores (2, 3) e as estimativas de seus parâmetros são todas significativas(p<0,05), com coeficientes de correlação também significativos; pode-se indicar que solubilidades ideais com concentrações de pepsina de 0,0002%, estão acima de 55%, sendo indicativas de farinhas de boa qualidade nutricional. Abaixo desse valor podem estar associadas a danos de processamento ou de composição química, conforme pode-se verificar na Figura 1. Da mesma forma, solubilidades próximas a 84 % podem ser consideradas boas, mas decaem em solubilidade e são consideradas ruins se tiverem por volta de 65% de solubilidade protéica em pepsina 0,02%.
CONCLUSÕES
Os resultados permitem concluir que a solubilidade protéica em pepsina na concentração de 0,0002 % permite melhor discriminação das farinhas de subprodutos de aves e que nessa concentração, o valor indicativo de boa qualidade nutricional é acima de 55%. Se for usada a concentração de 0,02% de pepsina, o valor indicativo de boa qualidade, situa-se em torno de 84%.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AOAC. In: Official methods of analysis of AOAC international. Ed. Patricia Cunniff. 16 ed. Cap. 4, p.15-16, 1995.
PARSONS CM, CASTANON F, HAN Y. Poultry Science; 76: 361-368, 1997.
BELLAVER C, ZANOTTO DL, GUIDONI AL, KLEIN CH. Ciência Rural; 30(3):489-492, 2000.
SIBBALD IR. Poultry Science; 58:668-673, 1979.